E as Milhares de Ideias
Mesmo após meses de discussão e definição do projeto, mesmo depois da obra iniciada, a qualquer momento pode se ver atormentado por pensamentos, ideias, dúvidas sobre o que está sendo feito, além claro daquela vontade de sempre prover uma casa perfeita - inatingível, eu sei.
Como meu caso é uma ampliação, por menor que fosse a casa "antiga", haviam problemas e consequentemente algumas soluções adaptadas para a realidade do projeto novo. Em várias situações haviam algumas maneiras diferente de solucionar esses problemas e isso gera uma possibilidade incomoda. Qual melhor alternativa? Será que ela atende todas as necessidades atuais e as que virão? Qual mais econômica? Qual menos drástica/impactante para o que já está construído? Tem certeza disso, não vai se arrepender?! Além do turbilhão de preocupações sobre o andamento da obra, ainda surge esse medo de se arrepender de algo no futuro, depois da casa toda construída e entregue.
Não é sadio econômica e nem psicologicamente sair mudando tudo que aparece como uma "boa ideia". Decisões de última hora sempre carregam o peso do não planejamento e uma simples mudança pode acarretar problemas não previstos devidamente. Porém como dormir com aquele pensamento totalmente inesperado e gritante de que tal coisa ficaria melhor de outro jeito?
A única sorte (ou provimento) que se pode contar nesse momento é com a experiência de um bom engenheiro/arquiteto/projetista, aliado a um pouco de imaginação e pensamento a longo prazo.
Eu entrei nisso decidido a não mudar nada. Já tinha esgotado meus pensamentos na etapa de definição, acreditava ter encontrado boas e definitivas soluções para tudo, de modo que nada precisaria ser revisto. Ledo engano!
Já na fase da escavação das estruturas, um belo dia olhando para aqueles buracos todos das sapatas, encafifei que não faria sentido fazer o banheiro menor que o comprimento do quarto e deixar um recuo na parede do fundo da casa. Dava tempo, iria ampliar o banheiro em 1,25 m, não custaria quase nada a mais e não haveria impacto nenhum no restante. Não iria conseguir suportar aquela sensação de quando entrar no banheiro e pensar: "puxa, se eu tivesse aumentado aqui teria ficado melhor". Mais do que de pressa passei a mão do telefone e sugeri meio sem jeito ao sr. Carlos Fachinelli a ideia de última hora. Ele não só aprovou, esclareceu que era possível, como deu um fim mais do que justificável para fazer isso: seria o espaço adequado para colocar uma hidromassagem no futuro. Com a imagem daquilo projetada na minha mente, o que me restou fazer?
As sapatas sendo escavadas mais a direita, as do centro da foto eram o limite do banheiro no projeto original |
Semanas depois, chegada a hora de unir as alvenarias nova e velha, havia a questão da remoção da laje da suite "antiga", que ficara com pé direito muito baixo devido ao aterro interno que havíamos feito. Era uma pequena laje, um comodo, fazia sentido tirar e deixar o pé direito alto com um forro de cedro, como será na sala. Eis que um sábado qualquer, o dono de um caminhão que traz terra para mim apareceu lá para ver a obra. Olhou, relembrou como a casa "antiga" era antes de tudo começar, entrou no quarto baixo e questionou o que faríamos com a laje. Expliquei a decisão de remoção e fui cortado de pronto: "que isso rapaz, faz um mezanino aí em cima e deixa esse quarto assim mesmo". Mal sabia o que ele estava falando, mas fui atrás de imaginar. Subi na laje e vi um por do sol colorido, uma paisagem verde e um cenário perfeito para um comodo extra. Vi o pé direito que haveria ali, mais de 5,40 m pois é o oitão principal do telhado. Acima da laje existente, teria 2,80 m de pé direito na parte mais alta e 2,10 m na parede de apoio da viga próxima ao beiral. Mais que o necessário para um mezanino. De novo, sr. Carlos Fachinelli como o responsável por apontar alguma limitação para ideia e/ou a complexidade de executá-la e de novo uma resposta positiva: validamos as alturas de pé direito, me mostrou um projeto com um mezanino menor, mais baixo e ainda sim viável e exemplificou o uso: um escritório reservado. Não mexeríamos com o pé direito, não mudaria nada além do fato de não demolir toda a laje existente. Sem gastar 1 real, o que me impediria?
Local acima da laje onde faremos o mezanino |
Com um visual desses ficou difícil encontrar um motivo para não fazer |
Agora já pensando no telhado, percebi que tínhamos definido um telhado que não seria totalmente funcional na parede externa, dos fundos da casa, justamente a que cobre o mezanino então incorporado ao projeto. Partindo a mais de 4 metros do contrapiso, com 70 cm de beiral, não protegeria nada caso a chuva viesse do fundo do terreno, estragando e podendo infiltrar água nas janelas e em uma porta com vista para o fundo. Agora parece óbvio a necessidade de ter notado isso no começo do projeto, mas são tantos detalhes que algo passa desapercebido. Só poderia então voltar ao sr. Carlos para rever esse item do projeto e encontrarmos uma solução. Já na época da ideia do mezanino, ele tinha comentado que faria sentido então construir uma varanda para essa suite também, fazendo com que a casa fosse quase toda avarandada. Meu medo era prolongar o telhado e acabar com a vista do mezanino, algo que acabaria com o charme da solução. Pensamos então em fazer um telhado mais baixo, partindo debaixo do peitoril das grandes janelas do mezanino, cobrindo toda a área do fundo do quarto e porta de acesso ao quintal. O custo desse telhado e a mínima alvenaria, com certeza compensa os problemas que poderia vir a ter sem a proteção desses locais.
Parede onde será aberto o vão para uma janela (ou porta :?) e coberta por um telhado saindo da altura de 3,40 m |
Exemplo da laje feita sem a preocupação com a estética, erro que não queríamos cometer na parte nova |
Em virtude dessa laje aparente e a necessidade de fazer algum acabamento depois, foi possível seguir com o tijolo de 25 cm e evitar ter que fazer mais emendas entre as alvenarias. Nessa parte onde aparece o concreto e a massa de assentamento, faremos uma moldura, algum acabamento que esconda a laje e "quebre" a diferença de padrão e dimensão dos tijolos.
E será que para por aí? Ideias não faltam...rs
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